O Governo da Oligarquia na visão platônica
O Governo Oligárquico (governo de
poucos) é baseado na forma de juízo de propriedade de bens, em que os ricos são
soberanos e os pobres são desprezados e impedidos de participar do governo,
formando assim uma classe seleta da sociedade. Este regime busca cada vez mais
as riquezas e sua acumulação, os seus líderes vão prosseguindo por caminhos
contrários aos da virtude, fazendo com que se torne um governo de poucos com a
separação entre a “cidade dos ricos e a cidade dos pobres”. (CASERTANO,2011, p.
26). Neste sentido, Platão afirma:
[...] Portanto, em vez de
ambiciosos e desejosos de honrarias, acabam por se tornarem avarentos e
apreciadores de dinheiro, e louvam e admiram quem é rico e elevam-no ao poder,
ao passo que ao pobre, desprezam-no [...] É que um estado desses não é um só,
mas dois, forçosamente: o dos pobres e o dos ricos, que habitam no mesmo lugar,
e estão sempre a conspirar uns contra os outros. (PLATÃO, 1987, p. 376).
Ao
discutir esse modelo de governar, Platão também aponta para os defeitos e
destaca um deles que corresponde à inadequada escolha dos governantes,
colocando no poder apenas aqueles que possuem enormes quantidades de dinheiro e
deixando os pobres sem voz: os primeiros não têm experiência nenhuma para
dirigir o estado e os segundos com sua responsabilidade possuem esta capacidade,
mas por não ter poder aquisitivo são menosprezados.
Para
conseguir êxito nas suas conquistas, os governantes oligárquicos reformulam à
sua maneira as constituições do país, favorecendo títulos e cargos àqueles que
possuem bens e esquecendo totalmente a classe menos favorecida. Essa
valorização obsessiva pelo dinheiro, a constante repressão aos pobres e
desafortunados e a crescente desigualdade despertam nas pessoas o senso de
revolta contra os seus governantes fazendo movimentos e rebeliões visando uma
igualdade de direitos e uma igualdade perante o estado e levando, assim, o
governo oligárquico às ruinas e a sua total extinção.
REFERÊNCIAS
CASERTANO,
Giovanni. Uma introdução à
República de Platão. Tradução
de Maria da Graça Gomes de Pina. São
Paulo: Paulus, 2011.
PLATÃO. A República. Tradução
de Maria Helena da Rocha Pereira. 5.
ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,1987.
______. A República. Tradução de
Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Nova
Cultural, 2004
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