Felicidade na Ética a Nicômaco
Eduardo Augusto Rosa de Matos[1]
3. Felicidade
na Ética a Nicômaco
Aristóteles
faz um apanhado geral do que já foi apresentado:
[1095a] Digamos, portanto, resumindo, que, dado que
todo conhecimento [15] eleição desejam algum bem, o que dizemos desejar a
política é o bem, que é o mais excelso de todas as boas ações. Sobre seu nome
quase todos concordam, pois tanto a maioria quanto os mais instruídos dizem que
é a felicidade. De fato, viver bem e agir bem [20] eles estimam ser o mesmo que
ser feliz. (AQUINO, 2015, p.
47).
Sendo que, como já foi
dito:
A ação do homem é uma operação da alma, segundo a razão e não sem a razão. [...] Cada
um [15] agirá bem na medida em que a própria virtude é aperfeiçoada. A boa
operação humana se realizará segundo a virtude, se, porém, houver muitas
virtudes, realizar-se-á segundo a melhor e mais perfeita. (AQUINO,
2015, p. 93.).
Há
uma divergência no que é felicidade. A maioria pensa ser as coisas mais
visíveis e manifestas, como o prazer, a riqueza ou a honra. Outros pensam
outras coisas distintas, para o doente a saúde, para o faminto o alimento.
Contudo, alguns estimaram que além destes muitos bens, existe outro, bom por si
mesmo, e que é causa do ser de todos os bens.
[...]
O melhor, o mais belo e o mais deleitável será a [25] felicidade. [...] porém,
a felicidade exige bem exteriores. Pois é impossível, ou não fácil, praticar
boas ações não possuindo o que existe. De fato, muitas ações são realizadas
[1099b] [1], como dissemos, pelo auxílio de instrumentos, amigos, riquezas e
pelo poder público. Mas se faltar algumas coisas, debilita a felicidade, como a
boa estirpe, bons filhos, a beleza. De fato, não é iteiramente feliz quem tem a
figura disforme ou mal nascido, ou solitário ou sem filhos. (AQUINO,
2015, p. 114).
Aristóteles deixa claro que a
“felicidade é algo louvável e perfeito. [...] é um princípio, pois fazemos
todas as coisas tendo-a em vista, e o primeiro princípio e causa dos bens é,
[...] algo louvável e divino.” (ARISTÓTELES, 2001, p. 28). Felicidade “é uma
certa atividade da alma conforme à virtude.” (ARISTÓTELES, 2001, p. 23).
3.1
Três modos de vida
Para
o autor estudado, não é irracional ser feliz a partir das coisas perecíveis e
de diferentes modos de vida:
De fato, o bem
[15] e a felicidade não lhes parecem irracional estimar, a partir das coisas
que são desta vida. Certamente, para a maioria e para os mais vulgares, é o
prazer. Por isso amam a vida prazerosa. Com efeito, três são os tipos de vida
tidos como mais excelentes: a que agora foi dita, a política, e a terceira é a
contemplativa. (AQUINO, 2015, p. 54).
Se para os da
vida prazerosa a felicidade está nos prazeres, “outros, porém, os mais
agraciados e atenuantes, buscam a honra. Pois, talvez, esta seja o fim da vida
política. Mas isto parece ser mais supeficial do que se investiga.” (AQUINO,
2015, p. 55).
No
caso da vida política, as pessoas buscam títulos, honras, riquezas, até uma
vida virtuosa, porém, só para serem vistas, admiradas, buscando sua felicidade
a partir do olhar do outro.
O
terceiro modo de vida, segundo a investigação aristotélica, é a vida
contemplativa, é a que mais se aproxima da real finalidade humana: sua
felicidade. Estão, nesse patamar os sábios e os filósofos, que orientados pelo
exercício da razão buscam o bem por ser um bem em si mesmo e não por quererem
outro bem a partir dele.
Com
essa diferenciação dos modos de vida, pode-se perceber, novamente, um escala
dos bens, da finalidade e da felicidade, poderemos compreender melhor isso no
próximo item desse artigo.
[1] Aluno do primeiro semestre do
curso de Filosofia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL) –
Unidade Lorena. Este trabalho foi orientado pelo o Prof. Esp.
Douglas Rodrigues da Silva.
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