4.      ‘Telos’: Bem comum
 Eduardo Augusto Rosa de Matos[1]


[1] Aluno do primeiro semestre do curso de Filosofia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL) – Unidade Lorena. Este trabalho foi orientado pelo o Prof. Esp. Douglas Rodrigues da Silva.
“Toda a arte e toda investigação, bem como toda a ação e toda a escolha, visam a um bem qualquer. [...] o bem é aquilo que todas as coisas tendem.” (ARISTÓTELES, 2001, p. 9.). Podemos, a partir dessa afirmação, reconhecer a filosofia teleológica de Aristóteles, ou seja, está orientada por sua finalidade (‘telos’, em grego significa fim). Na Ética a Nicômaco, a finalidade é identificada como o bem, em outras palavras, dizer que as ações humanas tendem a um fim é o mesmo que dizer que as coisas tendem a um bem.
Entre os fins observa-se certa diversidade. O fim da medicina não é o mesmo que o da construção naval ou vice-versa. Em nós seres humanos “há algum fim que desejamos por si mesmo e tudo o mais é desejado por causa dele. tal fim deve ser o bem, ou melhor, o sumo bem”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 9). Conhecê-lo é o mesmo que acertar o alvo e ocorrerá grande influência sobre a vida do que o conhece.
Aristóteles questiona-se: o que é esse bem? De qual ciência ou faculdade esse bem é objeto? Sabe que “a finalidade dessa ciência deve necessariamente abranger a finalidade das outras, de maneira que essa finalidade deverá ser o bem humano” e “parece que esta é a ciência política”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 10). Ao qual não visa o conhecimento, mas a ação e seu objetivo é o mais alto de todos os bens: a felicidade. Esse bem “é algo próprio de um homem e que dificilmente lhe poderia ser tirado”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 13). Podemos identificar o termo bem em dois sentidos: 1) ser bens em si mesmos e 2) em função dos primeiros; ou bens primários e os secundários.
Assim, pode-se inferir que de acordo com a teoria teleológica aristotélica, a finalidade humana, é a felicidade, pessoal e coletiva, que é o próprio bem comum estudado pela ciência política.

Conclusão

Os conceitos apresentados aqui de forma separada visam a investigação aristotélica sobre o fim último das coisas. Na realidade humana, não estão tão dissecados, misturam-se e completam-se. Separar a felicidade, de bem, de virtude e da finalidade é só uma maneira que adotamos para nosso estudo.
 “Todas as ações humanas tendem a um fim, isto é, à realização de um bem específio; mas cada fim particular e cada bem específico estão em relação com um fim último e com um bem supremo, que é a feliciade.” (REALE; ANTISERI, 2003, p. 217).
O ser humano procura ser feliz, sua felicidade está na escolha certa, no momento certo, na meta certa e da forma certa de vivenciar tal finalidade. A busca de ser feliz, implica o agir bem pessoalmente e coletivamente, segundo à razão, e a finalidade das coisas: o sumo bem. Por isso, a teoria teleológia aristotélica tem muito a oferecer ao homem do século XXI e suas maiores inquietações. 

Referências
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Trad. Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret,  2001.

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