O Governo da Democracia na ótica platônica

O Governo democrático (demo = povo; kracia = governo) nasce da revolta popular, onde a liberdade de pensamento e de expressão era bastante valorizada e buscada pelos cidadãos. Esses, desprezados pela oligarquia, enxergam na democracia uma chance de pertencer e de fazer parte da vida da cidade e de uma forma ativa procurar dar soluções para seus problemas, como escreve o mesmo Platão:

[...] Ora a democracia surge, penso eu, quando após a vitória dos pobres, estes matam uns, expulsam outros, e partilham igualmente com os que restam o governo e as magistraturas, e esses cargos são, na maior parte, tirados à sorte. É essa, efectivamente, a maneira como se estabelece a democracia, quer pelas armas, quer pelo medo do outro partido, o que foge. (PLATÃO, 1987, p. 386).

Partindo desse pressuposto, agora nasce um regime onde os cidadãos de fato e de direito, exceto as mulheres, os estrangeiros, os escravos e as crianças que não participavam das decisões políticas da cidade[1], constituem um modelo em que “todos” são responsáveis pela polis e são legisladores da mesma. Com essa finalidade foi criada a ágora, local este onde funcionava como uma espécie de parlamento, em que os cidadãos se reuniam e discutiam questões relevantes a respeito da cidade.
Um ponto essencial nessa nova regência é a liberdade de expressão, onde todos, segundo as novas constituições, são livres para expressar-se e expor seus argumentos em praça pública. Contudo, com o passar do tempo, tal liberdade torna-se anarquia: prevalecem os desejos mais diversificados, não só aqueles ligados à necessidade da vida, mas também os mais supérfluos, fazendo com que os homens sejam servos de suas próprias paixões, havendo, portanto, a tendência geral de satisfazê-los por qualquer meio (CASERTANO, 2011, p. 26).



[1] Para o significado e a etimologia da palavra Democracia cf. DEMOCRACIA. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/democracia.htm>. Acesso em: 22 maio 2016. 

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