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Mostrando postagens de novembro, 2017

A IGREJA E O INDIVIDUALISMO

Um dos trabalhos que a Igreja continua a promover é o de despertar inquietações - primeiramente, nos seus membros, e, posteriormente, aos demais públicos - a respeito da estrutura de Justiça desenvolvida em determinados países, assumindo o papel de defender e promover a dignidade humana, lutando pelos direitos dos mais necessitados, frente ao mundo marcado pelo individualismo, no qual a busca pelos próprios interesses afeta o princípio de equidade apresentado e defendido por Santo Tomás. A justiça está sempre relacionada a outrem, por isso torna-a Virtude que abrange todas as outras. O mundo atual converge-se sempre mais para o individualismo que é um dos problemas da esfera social que a igreja busca solucionar. Para tal solução, primeiramente, defende a vida voltada à comunidade, ou seja, para o bem de todos, que em primeiro lugar é a família e depois o ambiente em que se vive, como uma forma de buscar solucionar o problema do individualismo.   Quando há uma visão egocêntrica, ta

SOBRE A IGREJA NO MUNDO ATUAL FRENTE À JUSTIÇA

Escrita pelo Papa Leão XIII e publicada em 15 de maio de 1891, a encíclica Rerum Novarum trata das condições das classes trabalhadoras, discutindo a relação entre o governo, os negócios, o trabalho e a igreja. A encíclica em questão dá início à Doutrina Social da Igreja influenciando a criação de um novo ideário social e político, ou seja, a "Democracia Cristã”, que defende a implantação de uma democracia baseada nos princípios cristãos. Desde seu surgimento a Igreja passou a confrontar, lutar e defender os problemas enfrentados pela classe mais necessitada da sociedade, de modo mais pertinente, carregando consigo o dever de investigar, a todo o momento, os sinais dos tempos, e interpretá-lo à luz do Evangelho para que assim pudesse responder, de modo adequado, a suas angústias. É, por isso, necessária a compreensão da realidade na qual se vive hoje, ou seja, uma humanidade findada em desejos individuais, sobre os seus modos de pensar e agir, tanto em relação às coisas como

JUSTIÇA DISTRIBUTIVA EM TOMÁS DE AQUINO

O conceito de Justiça para Santo Tomás, a priori , salienta-a como um hábito operativo da alma, que se adquire livremente durante a vida, “uma qualidade que aperfeiçoa as potências dos atos realizados por vontade própria. Assim, faz com que os atos humanos sejam bons.” (MONTICELLI, 2013). Este entendimento é de que a justiça torna retas as operações humanas e, evidentemente, boas, visando não somente ao próprio interesse, mas ao bem comum. Por meio da justiça, o bem a outrem pode ser feito, “pois, sendo toda virtude um hábitus que é princípio de atos bons, cumpre definir a virtude por um ato bom, tendo por objeto a matéria mesma da virtude.” (AQUINO, 2005, p. 56). A Justiça é uma virtude, um ato bom, voluntário e, segundo o Tomás, estável, hábito que quando passa pela vontade e, juntamente, com a constância, tais atos vão sendo perpetuados. Essa definição de justiça é apropriada se for bem compreendida, como uma maneira de realizar atitudes boas. Através da justiça, os atos human

CONTRIBUIÇÃO DA RERUM NOVARUM DIANTE DA ABORDAGEM DO TEMA JUSTIÇA DISTRIBUTIVA

A encíclica Rerum Novarum , despertou inquietações - primeiramente, nos membros da Igreja, e posteriormente, aos demais públicos - a respeito da estrutura de Justiça desenvolvida em determinados países, assumindo o papel de defender e promover a dignidade humana, lutando pelos direitos dos mais necessitados, sem pretensão de pender para alguma forma de partido político. Exceto, vale ressaltar, ao seu próprio baseado nos princípios cristãos, firmada na caridade e na justiça. A partir destas motivações e percepções da posição que a Igreja precisava assumir, houve um grande aumento de bispos, padres e leigos. Todos, aliás, em geral, passaram a trabalhar e dedicar-se, em diversos países, mais à pastoral social, gerando o grande crescimento de entidades filantrópicas assistencialistas e movimentos leigos. Tais entidades e movimentos, com ajuda do Estado, conseguiram desenvolver o objetivo pelo qual foi criado, ou seja: a assistência aos menos favorecidos. O Documento de Aparecida também

UMA PERSPECTIVA CRISTÃ SOBRE A JUSTIÇA DISTRIBUTIVA

Escrita pelo Papa Leão XIII e publicada em 15 de maio de 1891, a encíclica Rerum Novarum trata das condições das classes trabalhadoras, discutindo a relação entre o governo, os negócios, o trabalho e a igreja. A encíclica em questão dá início à Doutrina Social da Igreja influenciando a criação de um novo ideário social e político, ou seja, a " Democracia Cristã ”, que defende a implantação de uma democracia baseada nos princípios cristãos . A principal intenção para a elaboração do documento foi a necessidade em estabelecer critérios das relações entre patrões e empregados à luz dos valores cristãos em busca da Justiça Social. Ao mesmo tempo, criticar a forma com que estes os exigiam, submetendo-os a longas horas de trabalho, sem remunerá-los apropriadamente por isto. Eis a defesa ao respeito à dignidade do ser humano e ao afastamento à exploração deste para a obtenção de lucro, a saber: Quanto aos ricos e aos patrões, não devem tratar o operário como escravo, mas respeita

JUSTIÇA DISTRIBUTIVA EM ARISTÓTELES

O conceito aristotélico de Justiça, a priori , denomina-se como a maior de todas as Virtudes, pois visa tanto o bem pessoal (individual), quanto o bem comunitário ( Pólis ), tanto que, chama-se de justo aquele que tende a produzir e preservar a felicidade comum. Ademais, é também compreendida a partir de um “justo meio”, ou seja, consiste na justa medida com que se deve agir e distribuir os benefícios, as vantagens, os ganhos, os males, e/ou as desvantagens, permanecendo em uma posição intermediária: nem excesso, nem falta.   Para Aristóteles, a Justiça é uma “disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e a desejar o que é justo” (ARISTÓTELES, 2001, p.94). Isto quer dizer que tal Justiça do homem provém da virtuosidade na qual ele vive, já que justo é aquele que cumpre e respeita a lei: “O homem sem lei é injusto e o cumpridor da lei é justo, evidentemente todos os atos conforme à lei são atos justos” (ARISTÓTELES, 2001, p.9

A Antropologia da Esperança

A Antropologia da Esperança O homem, no decorrer dos séculos, caminhou em busca de responder aos seus questionamentos, ora sobre si, ora sobre a natureza. Contudo, hoje, podemos nos questionar: O que é preciso para se construir uma antropologia que dê ao homem uma esperança? Este questionamento se dá devido à falta de esperança inserida no cotidiano atual, onde cada vez mais o homem se afasta da sua natureza comum, que é a de ser humano, e de um princípio de esperança. Em busca de compreender um caminho possível para a antropologia da esperança, será utilizado o Documento de Aparecida, Capítulo VIII, p. 176 e a Carta Sobre o Humanismo de Martin Heidegger, p. 24, fundamentando assim o caminho para a esta construção, com argumentos filosóficos e cristãos. Iniciaremos com a perspectiva filosófica de Heidegger. Para este, o uso da linguagem é essencial na construção humana, pois, quando o “pensamento restitui ao ser algo que lhe foi entregue pelo próprio ser, como algo que lhe f

O Agir Ético como Pressuposto para a Liberdade

Brendo dos Santos Lima [1] Resumo: A figura do homem na era moderna é apresentada de uma maneira diferente da medieval, havendo uma mudança da teleologia que voltava o homem para o fim para a Deontologia que coloca o homem em um novo caminho o de agir pelo dever. Com a capacidade de pensar e de agir em favor de uma realidade comum, ou seja, tendo a capacidade de raciocinar, o homem adquire a capacidade de agir corretamente e Kant em sua filosofia procura desenvolver sua tese que inicia, do conceito de ética, da prática e do entendimento da liberdade para assim, construir uma imagem do homem ética e livre. Palavras-Chave: Kant; Ética; Homem; Dever; Liberdade. Sumário: Introdução; 1. Conceito de Ética (A Deontologia e a Teleologia) e sua relação na filosofia kantiana; 2. A Liberdade; 3. O Homem: um ser ético e livre;Conclusão; Referências. INTRODUÇÃO Immanuel Kant (1724-1804) inaugura uma nova maneira de pensar, ante as questões que haviam sido desencadeadas em um período da