Conceito de virtude para Aristóteles
Alisson Rafael Lorenço dos Santos
Licenciando Filosofia UNISAL
1
Virtudes Morais: éticas
Estes tipos de virtudes seriam adquiridas pelo homem no
decorrer de sua vida. Estas virtudes são, no princípio algo embrionário, que é
levado à perfeição pelo hábito. Por exemplo: os homens vêm a se tornarem justos
à medida que praticam a justiça.
As virtudes humanas encontram-se em meio a dois extremos, sendo um o excesso e outro a
deficiência. Aristóteles de início fala em um meio termo entre os vícios que
geraria a virtude. Umas das frases mais usadas de Aristóteles, a esse respeito,
é que a virtude está em uma justa medida.
Para ele a verdade – o bem – das ações morais dependem de
três aspectos para definir se as ações serão boas ou ruins: sensação, razão e
desejo. Destaca-se o terceiro aspecto – o desejo – memória das ações realizadas
anteriormente pelo indivíduo que determina as ações como boas ou ruins, morais
ou imorais. Assim é notável que a ação do homem nasce da atividade da razão,
que indica o caminho para atingir a eudaimonia.
2
Virtudes intelectuais: dianoéticas
Segundo o pensamento de Aristóteles apresentado, logo de
início de uma de suas obras diz: “Todos os homens têm, por natureza, o desejo
de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até da sua
utilidade, elas nos agradam por si mesmas [...]”[1].
Ele, na obra Ética à Nicômaco considera esta sede de conhecimento como a virtude
mais elevada da alma. Dessa maneira, ele afirma a natureza intelectual do
homem, que o difere dos demais animais, que possuem sensações, mas não possuem
a capacidade de refletir, sendo apenas instintivos. E o homem, com sua sede de
conhecimento, só se sentirá realizado ao contemplar a verdade.
A ação intelectual, em si, é incapaz de mover algo, ao
contrário do que ocorre nas ações morais. Ela não possui como característica a
sensação em si, pelo fato de ser um ato puramente racional, do intelecto, que
antecede ação moral. Tem ela, a ação intelectual, como constituinte duas
características: razão e desejo. O desejo é a abstração (memória) das sensações
(realidade).
A ação intelectual possui três funções: prática, produtiva
e contemplativa.
· Produtiva (poiética): enquanto função racional,
próxima à prática, diferindo-se no ponto em que ela é produtora, criadora. Ela
também é uma arte necessária para a existência da sabedoria prática, e ambas
contribuem para o belo, pelo fato de dar ao homem a capacidade e o desejo de
buscar a melhor forma de realização de seus atos. Segundo Giovanni Reale ela é
um saber em função de produzir, fazer algo[2], portanto a capacidade de
realizar o útil ou o belo, seria o homem enquanto artesão ou artista, voltado
para técnica.
·
Prática (ética):
“Saber que busca a perfeição moral de suas ações”[3]. Enquanto função
intelectual, também possui como variáveis a razão e o desejo. Difere-se e
antecede a produtiva – ação – por tratar-se da capacidade de deliberar
(calcular) a capacidade humana para bem agir, ética e moralmente. É o homem
enquanto um ser moral social que busca agir bem diante das situações de
aparentemente controversas, para alcançar o que é certo e o que traz a
felicidade.
·
Contemplativa
(teorética): calculável e invariável, quando em concordância com o reto desejo
é algo bom e verdadeiro, quando em discordância é algo mau e falso. Sendo
assim, esta é uma função racional, de dimensão física e metafisica, universal e
particular. A função contemplativa pode ser considerada como ponto central e
mais importante do aprender, produzir e reproduzir do homem, pelo fato de ter
ela o papel de melhor elaborar os raciocínios, entrando em todas as outras
ciências – teóricas e práticas – para estas atingirem sua perfeição, tendo
assim uma grande importância e assegurando o bem e a autorrealização do homem.
Segundo Reale é uma ciência que busca o saber em si mesmo[4], onde a única finalidade é
contempla-lo.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola.
Dicionário
de Filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. 5º edição.
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ADLER,
Mortimer J. Aristóteles para todos: uma introdução simples a um pensamento
complexo. Trad. Pedro Sette-Câmara. São Paulo: É Realizações, 2010.
ARISTÓTELES.
Ética
a Nicômaco. Trad. Leonel Vallandro e Gerd Bornhem. São Paulo: Abril S/A
Cultura e Industrial, 1973.
______. Metafisica.
Trad. Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril S/A Cultura e Industrial, 1973.
BLACKBUM, Simon. Dicionário
Oxiford de Filosofia. Trad. Desidério Murcho. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 1997.
MONDIN, Battista. Introdução a filosofia: problemas,
sistemas, autores, obras. Trad. J. Renard. . ed. São Paulo: Paulinas, 1980.
PAULA, Alexandre José de. Clóvis de Barros Filho – Aristóteles – Parte 2.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Y7AxHmQVwPI>.
Acesso em: 10 maio 2016.
REALE, G.;
ANTISERI, D. História da Filosofia:
1 Filosofia Pagã Antiga. Trad. Ivo Stormiolo. São Paulo: Paulus, 2003.
SERTILLANGES,.
A. D. A vida intelectual: seu espirito, suas condições seus métodos.
Trad. Lilian Ledon da Silva. São Paulo: É Realizações, 2010.
SILVEIRA,
Denis. As Virtudes em Aristóteles. Disponível em: <http://revistas.fw.uri.br/index.php/revistadech/article/viewFile/203/372>. Acesso em: 22 maio 2016.
[1]ARISTÓTELES.
Metafisica.
Trad. Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril S/A Cultura e Industrial, 1973, Livro I, cap. 1.
[2] REALE,G. ANTISERI,D. História
da Filosofia: 1 Filosofia Pagã Antiga. Trad. Ivo Stormiolo. São Paulo: Paulus, 2003, p. 195.
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