Fundamentos do Governo a partir da introdução da suma contra os gentios
Licenciando em Filosofia Unisal
E-mail: ailtonevang1@gmail.com
Para Tomás de Aquino em seu pensamento expresso na suma
contra os gentios todas as coisas possíveis uma vez que são ordenadas a um fim
estão de certa forma submetidas ao governo daquele que as governa para um fim,
Deus, governa o mundo “Ele usa, pois, de todas as coisas, dirigindo-se para o
fim. Ora, isso é governar. Deus é portanto o governador de todas as coisas.”[1]
No pensamento de Tomás o oficio do sábio é aprimorado todas
as vezes em que ele se aproxima deste ordenador, no mundo há por de trás das
ações um ordenamento maior, essas ordens podem ser manifestar com uma forma
relacionada as partes ou seja todas as partes trazem em si uma função e estão
ordenadas para um fim ou o todo pode estar ordenado para um fim.
Tomás de Aquino está de certa
forma dando continuidade ao pensamento de Aristóteles, porém, o que é realmente
este governar? Seria o governar no sentido da antiguidade clássica dado pelos
filósofos, um conceito mais imanente e ligado a condução da polis? Não. “Por este governo deve-se entender a ordem
com que as coisas se dispõem em graus ascendentes até o governo de Deus, onde
tem sua origem, causa e finalidade.”[2]
Para que haja um bom governo da parte do sábio ele precisa
retornar a Deus, aquele que é o motor primeiro do universo e para dele ir
aprendendo o modo correto de governo, em Tomás Deus governa e rege todas as
coisas por sua providência.
Igualmente
quanto mais uma coisa é próxima da causa, tanto mais perfeitamente participa do
seu efeito. Donde, se algo é tão mais perfeitamente participado por outros,
quanto mais se aproxima de uma coisa determinada, é sinal que esta coisa é
causa daquilo de que é diversamente participada; por exemplo, se uma coisa é
mais quente segundo se aproximam do fogo, é sinal que o fogo é a causa do calor
delas. Dá-se, porém, que algumas coisas são mais perfeitamente ordenadas quanto
mais estão próximas de Deus, pois nos corpos inferiores, que estão maximamente
distantes de Deus por diversidade de natureza, acha-se às vezes deficiência do
que é segundo o curso da natureza, como se evidencia nas coisas monstruosas e
em outras casuais; o que nunca acontece nos corpos celestes, que entretanto,
são de algum modo mutáveis; e não acontece também nas substâncias intelectuais
separadas. Logo é manifesto que Deus é a causa de toda a ordem das coisas.
Portanto, é, por sua providência, o governador de toda a universalidade das
coisas.[3]
O texto acima retirado da
suma contra os gentios dá mais ênfase no que diz respeito a necessidade do
sábio estar mais próximo de Deus, desse ordenador e assim obter mais sabedoria,
como cita a suma com mais proximidade haverá mais meios de obter sabedoria.
Para Tomás fica evidente o quanto esta aproximação favorece ao sábio um bom governo uma vez que
por meio desta aproximação há um contato com o transcendente e favorece uma
visão mais ética e moral resultando no bom governo.
[1] AQUINO, 1990, p. 173.
[2] PATATIVA, Antonio. O oficio do sábio na Suma contra os
Gentios. Revista Àgora Filosófica, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 7-22,
jan./jun. 2005.
[3] AQUINO, Santo Tomás de. Suma contra os gentios. Tradução de Maurílio José de Oliveira
Camello. São Paulo: Loyola, 2015. v. III, p. 1755.
Comentários
Postar um comentário