Menoridade e incapacidade
Ailton Martins Evangelista
Licenciando em Filosofia Unisal
E-mail: ailtonevang1@gmail.com
Dentro da filosofia moral de Kant encontra-se um tema
referente a menoridade e maioridade estes conceitos são apresentados na carta O que é o esclarecimento.
A
menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de
outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela
não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de
servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Ter coragem de fazer uso de teu próprio
entendimento, tal é o lema do esclarecimento.[1]
Para o autor
todas as pessoas em algum momento de suas vidas passaram ou ainda estão em um
estado de menoridade isso pode ser explicado uma vez que o homem não
ousa pensar. A covardia e a preguiça são as causas que levam os homens a
permanecerem na menoridade, um outro motivo é o comodismo afinal para Kant é
bastante cômodo permanecer na área de conforto. É cômodo que existam pessoas e
objetos que pensem e façam tudo e tomem decisões, isso é mais simples que fazer
determinado esforço, pois já existem outros que podem fazer pela pessoa.
Afirma que é difícil para o homem sozinho livrar-se dessa
menoridade, pois ela se apossou dele como uma segunda natureza. Aquele que
tentar sozinho terá inúmeros impedimentos, pois seus tutores sempre tentarão
impedir que ele experimente tal liberdade. Para Kant, são poucos aqueles que
conseguem pelo exercício do próprio espírito libertar-se da menoridade. Nas
palavras de Kant é possível encontrar uma certa ilustração sobre o quanto o ser
humano sente-se cômodo no estado de menoridade:
É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que
faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem
consciência, um médico que por mim decide a respeito de minha dieta, etc.,
então não preciso esforçar me eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar, quando
posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar dos negócios
desagradáveis.[2]
Kant
critica esta menoridade por que dessa forma enquanto os homens permanecem na
menoridade, são incapazes de fazer uso das próprias pernas, são incapazes de
tomar suas próprias decisões e fazer suas próprias escolhas, dessa forma para o
autor não haverá uma autonomia e um protagonismo das pessoas, enquanto
permanecerem na menoridade serão tidas como pessoas que não façam uso da sua
liberdade e de sua razão.
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