O homem justo e injusto

Lucas Santos Correia
Sobre a origem e a natureza da justiça em tempos passados não havia nem justiça nem lei. Cada um fazia o que desejava. Mas isso causava mais sofrimento do que felicidade, pois ninguém podia fazer o que queria sem sofrer as consequências. Daí surgiu à necessidade do acordo sobre a obrigação de não se prejudicar ninguém para também não se ser prejudicado. Desse acordo nascem as primeiras leis, e justo passa ser aquilo que é conforme as leis e injusto o que é contrário às leis.
No livro IX o personagem Glaucon propõe realizar a seguinte tarefa: afirma o que deva ser a justiça e sua origem, em seguida demonstrar que todos que a praticam o fazem por obrigação e não por escolha própria, pois, segundo ele, “(…) é natural que procedam assim, porquanto, afinal de contas, a vida do injusto é muito melhor do que a do justo, no dizer deles.” (cf. 358c). Desta forma, Glaucon argumenta que a justiça tem sua origem em leis que impedem a prática da injustiça e oferece o exemplo do anel achado por Giges que ao girar o engaste para o lado de dentro da mão o torna invisível e ao girar de volta para fora o torna, novamente, visível. E com esse poder, Glaucon afirma que qualquer homem, justo ou injusto, percorreria o mesmo caminho, ou seja, o da ambição e, portanto, da prática da injustiça, visto estar impedido de ser reconhecido ao praticar a injustiça e, assim, parecer ser justo. E conclui seu argumento afirmando que o melhor, desde esse seu ponto de vista, é se parecer justo, sendo na verdade injusto. Em suas próprias palavras temos que “ninguém é justo por sua vontade, mas constrangido, por entender que a justiça não é um bem para si, individualmente, uma vez que, quando cada um julga que lhe é possível cometer injustiças, comete-as”. (Platão, Livro IX, 360, 2010)
E continua sua argumentação afirmando que entre dois homens, um justo e outro injusto, se cada um a sua maneira for perfeito, um na justiça e outra na injustiça, o que for justo se granjear para si fama de injusto, mesmo não o sendo, sofrerá as penas como se fosse um homem injusto, já o homem injusto se granjear para si fama de justo, terá todas as honrarias de homem justo, mesmo não o sendo. Isto demonstra, segundo Glaucon, que as honrarias não serão pelas evidências de justiça, mas pelas aparências de justiça. O cerne da argumentação de Glaucon, que é defendida por Adimanto, também, está no fato destes acreditarem que: “(…) a aparência, como me demonstram os sábios, ‘subjuga a verdade’ e é senhor da felicidade (…)” (cf. 365bc).

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