A lei moral a partir do pensamento Kantiano
A
lei moral no sistema Kantiano
Para analisarmos o conceito de liberdade como
chave-mestra do pensamento kantiano devemos entender como autor trata sobre a
moral que para ele sustenta a razão humana ao contrário da metafísica que se
preocupa com conceitos que não são acessíveis ao homem; e verificar as raízes,
ou melhor, o caminho percorrido por ele.
O autor irá de forma
sistemática nos dizer que há imprimido em nossa razão duas leis que nos regem e
nos fazem conhecer todas as coisas, tais são: a lei da Causalidade e a lei da
Universalidade. A primeira está relacionada à vontade que possui interesse e
necessidade, portanto um fim e por assim dizer empírica. “Observamos de fato
que, quanto mais uma razão cultivada se consagra ao gozo da vida e da
felicidade, tanto mais o homem se afasta do verdadeiro contentamento” (Kant,
2007, p. 24). No trecho citado percebemos o descontentamento do pai do dever sobre
a razão que é guiada pela vontade, pelos instintos e/ou fatores externos que
não elevam o homem ao seu verdadeiro contentamento devido ao fato de ser
inclinada a uma necessidade, portanto ao interesse. Na segunda lei irá nos
dizer que está ligada a lei pura, a lei moral, enfim a priori. Esta deve determinar a vontade a querer agir sempre em
conformidade com o bem e aquilo que é correto com o que deve ser feito.
A lei moral em Kant é da
própria constituição do homem como um ser inteligível racional e único ser que
determina o seu fim. Nela não há elemento empírico (sensível) é independente de
todos os fins ou motivos, é uma pura forma e a sua validade é universal. A lei
moral é a priori (de antes, anterior)
não depende de nada referente ao sensível (a
posteriori) ou exterior ao homem e ao seu entendimento, pois é impressa na
razão humana de maneira pura e apodítica para a sua existência, por isso o
legislador supremo da moralidade é a razão humana.
Os
imperativos: princípios determinantes para ação humana
Dentro da vontade humana
existem os imperativos (hipotético e categórico) eles estão estritamente
relacionados à ação, àquilo que será feito. Ambos são desenvolvidos no campo da
razão, mas o hipotético é a vontade que deseja um fim e interesse, já o
categórico também advém da vontade, contudo faz-se ação objetiva necessária em
si mesma como Kant nos diz:
Os hipotéticos representam a necessidade
prática de uma ação possível como meio de alcançar qualquer outra coisa que se
quer (ou que é possível que se queira). O imperativo categórico seria aquele
que nos representasse uma ação como objetivamente necessária por si mesma, sem
relação com qualquer outra finalidade. Como toda a lei prática representa uma
ação possível como boa e por isso como necessária para um sujeito praticamente
determinável pela razão, todos os imperativos são fórmulas da determinação da
ação que é necessária segundo o princípio de uma vontade boa de qualquer
maneira. No caso de a ação ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa,
o imperativo é hipotético; se a ação é representada como boa em si, por
conseguinte como necessária numa vontade em si conforme à razão como princípio
dessa vontade, então o imperativo é categórico (KANT, 2007, p. 50).
Com isso o Pai do criticismo
fomentará a nossa razão (pura) e consciente a agir de forma que tudo aquilo que
o ser humano deva fazer seja outorgado como máxima de lei universal “Age apenas
segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei
universal” (KANT, 2007, p. 59). A lei moral apresenta-se pois, como um Imperativo
Categórico que ordena uma ação como objetivamente necessária por si mesma, sem
qualquer relação com qualquer outra finalidade. É uma exigência interior da razão.
As ações só são moralmente boas se satisfazem os critérios formais do
imperativo categórico tem que ser constituídas de uma forma que possam ser
válidas para todos os seres humanos.
Na obra e também na linha de
seu pensamento filosófico Kant propõe como método de uma profunda análise bem
fundamentada e moldada pela razão o agir pelo dever, ou o puro dever. É pelo
dever e simplesmente por ele que o homem consegue encontrar a supremacia de sua
vida moral e, portanto afirma sua liberdade e independência dos fatores
externos que lhes são apresentados na natureza.
O autor irá afirmar: “se
agora, que nenhuma inclinação o estimula já, ele se arrancasse a esta mortal
insensibilidade e praticasse a ação sem qualquer inclinação simplesmente por
dever, só então é que ela teria o seu autêntico valor moral” (KANT, 2007, p.
28) e ainda em outra passagem de sua obra:
Na realidade, é absolutamente impossível
encontrar na experiência com perfeita certeza um único caso em que a máxima de
uma ação, de resto conforme ao dever, se tenha baseado puramente em motivos
morais e na representação do dever (KANT, 2007, p. 40).
O mesmo também faz uma
distinção entre agir por dever e agir conforme o dever “Os homens conservam a
sua vida conforme o dever, sem dúvida, mas não por dever” (KANT, 2007, p. 27); diz-nos
que muitos agem em conformidade com o dever, isto é, de acordo com a legalidade,
por medo de um poder coercitivo ou apenas em conformidade com leis
pré-estabelecidas. Entretanto o agir por dever seria as ações em que o
cumprimento do dever é um fim em si mesmo.
O dever é uma necessidade interna de
realizar uma dada ação apenas por respeito à lei moral (lei prática), ele liberta
o homem das determinações em que está submetido, substitui a necessidade
natural impõe ao homem a limitação dos seus desejos e obriga-o a respeitar as
leis morais da razão.
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