A MORAL NO PROCESSO EDUCATIVO

Lucas Santos Correia
Kant enfatiza em toda a sua obra educacional a necessidade do desenvolvimento do caráter do homem e o compromisso da criança e do homem com o dever.
Essa preocupação é ilustrada em sua descrição de várias máximas e de como elas deveriam produzir certos resultados através da educação.
Para Kant, máxima é a regra de conduta considerada por aquele que a adota como válida para sua própria vontade, sem referência à de outrem. Uma máxima é definida assim como um princípio subjetivo da vontade e distingue-se do princípio objetivo ou “lei prática”. Enquanto esta última é válida para todo e qualquer ser racional e constitui um princípio de acordo com o qual ele deve agir. A máxima contém a regra prática que a razão determina de acordo com as condições do sujeito (frequentemente, sua ignorância ou inclinação) e é, portanto, o princípio de acordo com o qual o sujeito age. As máximas, portanto, devem originar-se no ser humano. Nesse sentido, exemplifica Howard A. Ozmon, no treinamento moral, devemos, desde cedo, procurar inspirar nas crianças ideias do que é certo ou errado. Assim, se desejamos estabelecer moralidade, devemos abolir a punição.
A moralidade para Kant é, portanto, algo tão sagrado e sublime, que não devemos degradá-la, nivelando-a com disciplina.    
A primeira tentativa em educação moral é a formação do caráter, o qual consiste ao agir de acordo com as máximas. Inicialmente, elas são “máximas” da escola, e, mais tarde “máximas” da humanidade. Kant expressa que a natureza humana está por se fazer, por formar-se. Logo, a incumbência e interesse, extremamente importante, do homem não só individual, mas, também, coletivamente, com a Educação. A Educação para Kant é assim definida:
A educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações. Cada geração, de posse dos conhecimentos das gerações precedentes, está sempre melhor aparelhada para exercer uma educação que desenvolva todas as disposições naturais, na justa proporção e de conformidade com a finalidade daquelas, e, assim, guia toda a humana espécie a seu destino. (...) Entre as descobertas humanas há duas dificílimas e são: a arte de governar e a arte de educar.
 (KANT. 2002, p. 19-20.)

Assim entendido o processo educativo para Kant não poderá ser estagnado, pois não é esclarecido, mas a esclarecer. É assim uma tarefa a ser realizada, não somente pelo próprio homem, mas uma tarefa aberta para o mundo.
Desta forma, entende-se que a Educação para Kant inscreve-se além da mera dimensão individual apresentando, portanto, um caráter dinâmico e coletivo. Kant enfatiza, portanto, a necessidade de uma formação integral do ser humano, no sentido da verdadeira Paidéia grega.

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