Hegel e o idealismo alemão

Hegel e o idealismo Alemão

Iniciado por Kant e posteriormente continuado e aperfeiçoado por Ficthe, Schelling e Hegel o idealismo traz consigo um amplo e rico sistema filosófico que procura abordar o mundo objetivo e subjetivo e a autodeterminação que cada indivíduo deve possuir como ser autêntico e racional.

Hegel, que deu continuidade ao trabalho iniciado por Kant e seus sucessores, dá ênfase ao conceito de liberdade como processo histórico da consciência humana por aquilo que o filósofo denomina ‘Espírito Absoluto’, em razão dos sucessíveis sufocamentos que o próprio homem cria privando outros seres racionais de sua liberdade e subjetividade prevaricando-os a acomodação de seu estado de vida passível e submisso. Com a reviravolta ocorrida e estimulada pela França, Hegel nos fala sobre o Estado moderno que é este novo intuito de conformidade e concordância com as particularidades dos indivíduos, ele nos afirma,
O Estado, como realidade em ato da vontade substancial, realidade que esta adquire na consciência particular de si universalizada, é o racional em si e para si: esta unidade substancial é um fim próprio absoluto, imóvel, nele a liberdade obtém o seu valor supremo, e assim este último fim possui um direito soberano perante os indivíduos que em serem membros do Estado têm o seu mais elevado dever (HEGEL, 1997, p. 217).  

A essência do Estado moderno é valorizar a liberdade subjetiva e unir o universal ao particular, tentar coincidir os interesses particulares dos indivíduos da sociedade para que convirjam em direção do Estado, pois é nele e dentro dele que ocorre a síntese de todos os pensamentos e individualidades. Hegel, também trata a história da civilização como um progresso de desenvolvimento da ideia da liberdade, onde só seria possível a sua efetivação quando “Os indivíduos governassem a si mesmos de acordo com suas próprias consciências e convicções, e também que o mundo objetivo, que é o mundo real com todas as suas instituições sociais e políticas, fosse racionalmente organizado” (SINGER, 2012, p. 37). Para Hegel a sociedade como valorizadora dos princípios individuais só pode desenvolver-se se for basicamente organizada.
 É dentro de todo este panorama que Hegel constrói seu sistema filosófico, pensando a liberdade como progresso de maturação da consciência humana dentro das civilizações em um grande e delongado processo histórico, afirmando a organização do Estado e o respeito as individualidades das pessoas que colaborarão na formação e realização perfeita do Estado de direito.
Hegel reverenciando Kant distancia-se em sua singularidade no fazer filosofia, pois em seu idealismo opõe-se a qualquer tipo de dualismo, onde Kant, havia deixado tentando resolver a dicotomia em referência aos empiristas e racionalistas, separando o transcendente e o imanente (númeno - fenômeno). No idealismo Hegeliano persiste a ideia do Absoluto como identidade (originalidade) entre o pensamento e o ser como afirma G.M. Tavares “Hegel é idealista porque parte do pressuposto que a realidade absoluta, o fundo do Ser é, em definitivo, a Ideia, o Espírito” (cf. TAVARES, 1995, p. 26).

A distinção na filosofia hegeliana está no movimento dialético (tese, antítese e síntese) no real que se faz racional, na Razão “Faculdade dialética que unifica todos os momentos parciais” (TAVARES, 1995, p. 132) que é exclusivamente discursiva, supra-humana e acessível a nós, humanos, mediante a mente, a razão produzindo identidade e diferença.

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