As substâncias simples em Tomás de Aquino

A essência nas substâncias simples
A união de ente e essência é o que possibilita as substâncias. De um modo geral, substância significa que verdadeiramente o ser é concreto e individual. Por esta união fundamenta-se um princípio metafísico entre o finito e o infinito.
 Assim, por exemplo, João refere-se à matéria delimitada, enquanto que Homem se refere à matéria não delimitada. Por exemplo, pode-se considerar a essência de “homem” que é “animal racional”. “Animal” é o gênero, o qual significa tudo aquilo que está na espécie. Mais concretamente é tomado da matéria, e exprime a natureza de uma realidade sem determinação de uma forma especial. “Racional” é a diferença, é tomado da forma, e é a determinação de uma forma especial. Gênero e diferença são o que constitui a espécie.
Por isso Tomás faz uma crítica a Avicena, que sustentava a ideia das substâncias imateriais possuírem matéria e forma, Tomás ao contrário, explica a essência das substâncias simples constituidas apenas por forma; e esta realidade simples só se pode significar como um todo. Do mesmo modo, “a essência do ser simples não é recebida na matéria, não pode haver nela tal multiplicação”. Por conseguinte, “não se encontram vários indivíduos de uma mesma espécie, mas quantos indivíduos nelas houver tantas serão as espécies”. (AQUINO, 1981, p. 79-80)
A realidade existente não tem uma existência substancial, isto é, subsistente em si mesmo, mas a partir de outro. E é por isso que nas inteligências se encontram a potência e o ato. Potência quanto ao existir que recebe; está em potência em relação a esse outro. Esse existir da inteligência é recebido através do ato; aquilo que é recebido nele é o seu ato. Em suma, o existir diferencia-se da essência. O seu existir não é absoluto, mas recebido, limitado e finito. Mas, a sua essência é absoluta, pois, as suas formas não se limitam à capacidade de qualquer matéria que as receba. Então esse outro é Deus.

Considerações finais
Em Deus não existe qualquer composição, pois, sua essência é o seu próprio existir; nem entra em nenhum gênero, porque tudo o que entra em um gênero tem de ter quididade. Desse modo Deus deve ser compreendido como ser incriado; o único ser no qual essência e existência se identificam. Nas criaturas, essência e existência são diferentes; em Deus não há essa diferença, pois, n’Ele a essência obriga a existência.

Conforme o pensamento tomista, conclui-se que para uma existência necessita-se de uma essência. Porém existe uma causa incausada, algo primeiro, um motor que conduz ou faz todas as causas matérias (entes, criaturas) compostas e/ou constituídas de matéria e forma. Para isso, entende-se que aquilo que foi criado necessitou de algo incriado, isto é, Deus. Deus é o ser subsistente em si mesmo. Assim, constata-se a necessidade de existir nas criaturas a diferença entre ente e essência, para distinguir as criaturas e Deus. Esta constatação inferida por Tomás de Aquino colaborou com a doutrina católica que ainda hoje o tem como grande referência por seus escritos.

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