O ente e a essência em Tomás de Aquino
O
ente e a essência
O ente e a essência é uma
pequena obra escrita por Tomás no seu período de bacharel em Paris a pedido de
seus confrades do convento de são Tiago que posteriormente se tornará a base da
metafísica tomista. Não somente esta obra, mas todo o seu pensamento serviram
de base para filósofos e teólogos de seu tempo que fizeram comentários baseados
em suas obras bem como pensadores do século XX. De acordo com Lino Rampazzo,
O texto ‘De Ente et Essentia’ de Santo
Tomás foi sempre considerado uma síntese da metafísica tomista e, por isso,
sempre atraiu o interesse de muitos comentaristas já a partir do século XIII
até os dias de hoje. A título de exemplo, no século XX esta obra foi comentada
por Gilson, Maritain e Edith Stein (santa). (2012 p. 01)
O ente e a essência é o
núcleo básico da filosofia tomista. Neste texto o jovem mestre de Paris articula
o seu pensamento cristão com a racionalidade filosófica. “Nele não são usados
pensadores cristãos com uma pequena exceção de Boécio, que menciona
exclusivamente em temas filosóficos”. (MOURA, 1981, p. 09).
O opúsculo já citado é dividido em seis breves
capítulos. Tomás trata da questão sobre o ‘ente’ e a ‘essência’, partindo do
que ele acredita ser mais fácil, isto é, do ente para chegar à essência e, então,
a obra fica assim distribuída: capítulos I,II, e III tratam sobre a
significação de ente e de essência, as essências das substâncias compostas e a
relação da essência com as noções lógicas. Depois nos capítulos IV, V e VI
explica-se a essência e as substâncias separadas, isto é, simples, e por fim a
essência nos três diferentes tipos de seres (Deus, alma e anjos) e a essência
nos acidentes (RAMPAZZO, 2012, p.06).
O significado de essência em Tomás de Aquino
Para entender a
necessidade de existência das criaturas em Deus é necessário identificar a
essência, aquilo que é próprio e não pode ser mudado, o que caracteriza o ser
(enquanto ente) e/ou identifica-o.
Tomás de Aquino irá
designar em sua obra quatro termos para definir e explicar o que a coisa é de
fato quando se trata da existência (do ente). Esses termos são: quididade, forma, natureza e essência. Este último explica com mais
exatidão o ser enquanto o ente é. “Mas a essência se diz segundo por ela e nela
o ente tem ser (esse)”. (AQUINO,
1981, p. 65).
O termo “quididade”
designa a coisa enquanto definida; em sua tradução significa aquilo que era ser.
O termo “forma” é a certeza de cada coisa. O vocábulo natureza indica a coisa
enquanto sujeito de operação, é como dizer que a coisa age segundo sua
natureza. Exemplo o cão late, o homem fala (RAMPAZZO, 2015, p. 03).
Depois desse breve
comentário, Tomás explica onde pode ser encontrada a essência, isto é, nas
substâncias simples e compostas. Afirma, nas substâncias simples de modo mais
nobre e verdadeiro por possuírem ser mais elevado, e por serem causa das substâncias
compostas tendo em vista a substância primeira e simples, que é Deus (AQUINO,
1981, p.65).
O doutor angélico nos
esclarece de maneira racional e pedagógica a essência das substâncias partindo
das mais acessíveis ou mais fáceis à compreensão que são as compostas. A
essência das substâncias compostas compreende matéria e forma, porém de acordo
com suas inferências não se pode dizer que a essência está em apenas forma, ou
somente na matéria, pois, a matéria sozinha não determina o gênero e a espécie
de nada, mas sim uma realidade que está em ato, e a forma sozinha não constitui
a essência das substâncias embora muitos tentem afirmar, entende-se essência na
composição de forma e matéria (AQUINO, 1981, p. 66).
Tomás cita Boécio,
Avicena e Averróis para comprovar seu argumento e traz um exemplo para ilustrar
essa composição, “Ora, a doçura é causada pela ação do calor que digere o
úmido”. (AQUINO, 1981, p. 67).
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