Ser e Essência: Binômio fundamental da metafísica de Santo Tomás de Aquino





Genaro Augusto Brandão[1]

Resumo: Santo Tomás de Aquino destaca em sua obra O ente e a essência, a divisão de sua metafísica em duas partes, sendo a metafísica geral, que também pode ser chamada de ontologia, que vai tratar sobre o ser em geral e suas atribuições e a metafísica específica que trata do ser e as suas especificações, como Deus, Anjos e o mundo. Através disso ele se aprofunda na substancias seja compostas ou simples, mostrando as suas diferenças. O ser possui as características transcendentais, o uno, o verdadeiro, o bom, o belo, o agir, assim é possível afirmar que necessariamente todo ser traz consigo a unicidade por ser único. A essência possui elementos característicos do ser em alguém, como a racionalidade, ela reside própria e verdadeiramente nas substâncias e nos acidentes em sentido secundário ou menos próprio.

Palavras - chave: Ser. Essência. Metafísica. Santo Tomás.


Introdução
A temática desenvolvida neste trabalho é sobre o “ser e a essência”, tendo como base a obra de Santo Tomás de Aquino, “O Ente e a Essência”. Santo Tomás fala em sua obra sobre a busca do conhecimento do ser, procura mostrar as suas diferenças. Ele usa de formas metodológicas para entender melhor: primeiramente ele parte do conhecimento das coisas compostas, pois se tornam mais fáceis para o entendimento. Com esse entendimento será possível alcançar ao conhecimento das coisas simples. O Aquinate discorre tudo sobre a noção de ente, e a partir deste conhecimento ele fala sobre a noção de essência, a partir daí Santo Tomás retoma o pensamento de Aristóteles.
Para que possamos entender o pensamento de Santo Tomás de Aquino é importante lembrar que a essência admite “sinônimos”, que não tem como significado uma absoluta identidade, mas sim que cada “sinônimo” aponta para um determinado aspecto que diferencie cada realidade que pode ser única.
A metafisica sempre vai se basear através de experiências realizadas, ela sempre se apoiará em dados, seja internos ou externos, através daí vai discorrendo os significados do ato de ser e da essência. Aniceto Molinaro diz em sua obra Metafísica – Curso Sistemático: [...] “A metafísica se identifica com a filosofia teorética como tal. Mas ele distingue uma metafísica geral e uma metafísica especial. (MOLINARO, 2002, p. 39) Portanto, Santo Tomás passa à comprovação condicionantes do ser, onde uma, necessariamente deve preceder a outra, da mesma forma que se representava, fazendo-se uma analogia, o “ato” e a “potência” para Aristóteles, analisando-se assim a razão e a substância necessária de cada ser. 
Para o desenvolvimento deste tema serão utilizadas diversas obras, como “O Ente e a Essência” de Santo Tomás de Aquino, “Metafísica- Curso sistemático” de Aniceto Molinaro, “Vocabulário de filosofia” de Regis Jolivet,


1. Dados Biográficos de Santo Tomás de Aquino
Santo Tomás de Aquino nasceu entre os anos de 1224 e 1225, no castelo de Roccasecca, é o último filho dos condes Landolfo e Teodora, família distinta e opulenta. Tomás foi enviado por seus pais para a abadia do Monte Cassino, onde iniciou seus estudos e, mais tarde foi morar em Nápoles. Lá começa a estudar na Universidade formada pelo rei Frederico II, onde era ensinada a filosofia do grego Aristóteles e, consequentemente, santo Tomás é introduzido no amplo “universo” do pensamento do Estagirita, ao qual chamará em suas obras, de “o Filósofo”. Ainda nesta mesma cidade, nascera a sua vocação à ordem mendicante dos dominicanos.
Chegando à maioridade, em 1245, o Aquinate retornou à vida religiosa dos dominicanos após muita relutância e resistência familiar. Nesse período, Tomás entrou em contato, por meio da ilustração e explicação de seu professor, com todas as obras do filósofo Aristóteles, e também com os seus comentaristas árabes.
A personalidade das obras e da filosofia de Aristóteles, que ficaram durante muito tempo desconhecidas, resultou em uma “revolução” no modo de pensar da sociedade. Limitações na aceitação da filosofia aristotélica se davam, em grande parte, devido às traduções equivocadas e aos comentários dos árabes Avicena e Averroes que, apesar de terem contribuído na difusão desse pensamento ao mundo latino, discordavam em vários pontos da fé cristã e da visão de mundo que era própria do período medieval.
Tempos depois em Paris, torna-se o responsável de lecionar teologia a alunos de diversas regiões da Europa, e também Tomás inicia a sua produção literária, esta que continuará até a sua morte. Entre os seus diversos escritos estão: os comentários, as sumas (a mais conhecida, Suma Teológica, ocupa um lugar privilegiado no conjunto de obras do Aquinate, pois é um manual sistemático de teologia como nunca visto na História da Igreja), as questões e os opúsculos. Indo residir em Roma, de 1265 a 1268, provavelmente dirigiu uma casa de estudos da Ordem, onde começou a compor a sua Suma Teológica.
No ano 1274, passados alguns meses após uma inexplicável experiência mística na qual constatou que tudo o que havia escrito até aquele momento sobre a teologia católica – embora concebesse uma proeza humana em termos de explicação racional da fé cristã, achava na realidade, um nada perante o majestoso mistério de Deus – Santo Tomás morre na Abadia cisterciense de Fossanova, enquanto se dirigia a Lião, cidade onde aconteceria o Concílio Ecumênico anunciado pelo Papa Gregório X, que o havia convidado para participar auxiliando os padres conciliares.

2. Conceito de Ser e Essência
Para a melhor forma de compreensão do assunto que irei tratar, que se refere: Ser e Essência: Binômio fundamental da metafísica de Santo Tomás de, se faz necessário a compreensão de alguns termos, principalmente o conceito sobre ser e essência. Estes termos são fundamentais para auxiliar a compreensão.

2.1 O Ser
Antes se deve ter em consciência que nada define a ideia de ser, ou seja, o “ser” não pode ser classificado A citação que segue se refere apenas a Deus e não ao "ser em geral" “[...] o ser que é Deus é de tal condição que nenhum acréscimo lhe pode ser feito. Daí inferir-se que pela sua pureza mesma, é um ser distinto de todo outro ser [...]” (AQUINO, 1981, p. 84), assim também se faz necessário dizer que existe um ser que é absoluto, e de antemão quando for tratado sobre o ser não se dirá sobre o ser absoluto e sim dos seres que necessitam deste ser absoluto para subsistir.
Lima Vaz diz em sua obra “Raízes da Modernidade” trata-se de diferenças:
Trata-se de uma diferença na identidade de ambas as noções de Ser, tendo como fundamento a identidade na diferença expressa na circularidade dialética com a qual pensamos estas mesmas noções no Ser absoluto: Inteligência – Verdade / Vontade – Bondade e, correlativamente, Inteligência – Bondade / Vontade – Verdade. (LIMA VAZ, 2002, p. 177)
Em geral a as características transcendentais do ser são: “o uno, o verdadeiro, o bom, o belo, o agir” (MOLINARO, 2002, p.69), assim é possível afirmar que necessariamente todo ser traz consigo a unicidade por ser único “o uno é inteiro em si mesmo e separado de tudo que não é ele mesmo” (MOLINARO, 2002, p.77); a verdade por ser verdadeiro “Todo o ser é verdadeiro” (MOLINARO, 2002, p.83); o bom por conter em si a bondade “o ser como tal é bondade” (MOLINARO, 2002, p.86); e o agir por ser sempre atual pelas suas ações que devem resultar no fim último do ser. Essas palavras exprimem o ser como ele é enquanto ser, e é a melhor maneira para explicá-lo, já que a este não se pode dar nenhuma definição.

2.2 A Essência
Na filosofia e na metafisica, essência é tratada como elemento característico do ser em alguém, como a racionalidade, que faz do homem. Para santo Tomás de Aquino, a essência é “quididade” ou a “natureza” abrange tudo que está expresso na definição da coisa, tanto a sua forma com a sua matéria.
(...) o segundo modo, há essência nas substancias criadas intelectuais, nas quais o ser é outra coisa que essa essência, embora tal essência seja sem matéria. Por isso, o ser delas não é absoluto, mas recebido: donde, também, limitado e finito, conforme a capacidade da natureza recipiente: mas a natureza ou essências delas é absoluta. (AQUINO, 1981, p. 84)
Neste caso, a essência é uma representação do que é comum, universal e que se encontra na alma de alguma pessoa ou de alguma coisa. É possível encontrar essência nos diversos entes. A essência reside própria e verdadeiramente nas substâncias e nos acidentes em sentido secundário ou menos próprio.



[1] Aluno do 2º semestre do curso de Filosofia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL) – Unidade Lorena. Este trabalho foi orientado pelo o Prof. Dr. José Marcos Miné Vanzella.

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