A Felicidade segundo Aristóteles


Genaro Augusto Brandão[1]

1.      A Felicidade segundo Aristóteles
Aristóteles define a Felicidade como um bem supremo, ele acredita que a felicidade é resultado e uso total das qualidades morais, não por ser necessária, e, sim, por constituir um bem em si mesmo. Esse bem supremo que o homem sempre busca é algo para satisfazer as suas necessidades em todos os âmbitos de sua vida.
                                   [...] O bem para o homem vem a ser o exercício    ativo das faculdades da alma de conformidade com a excelência, e se há mais de uma excelência, de conformidade com a melhor e mais completa entre elas [...]” (Aristóteles 1999, p. 24-25)
Quando a queremos algo de bom para a nossa vida sempre buscamos através do prazer, aquilo que preenche o vazio que sentimos dentro de nós. Alcançamos esse bem supremo final quando deixamos a nossa zona de conforto e seguimos adiante, procurando sempre não deixar o desprazer fazer parte de nós.
Segundo o Aristóteles, toda a ação do homem tende naturalmente a um fim, e esse fim pode ser à realização de um bem específico, e assim possivelmente chegar ao fim último que é a felicidade. Muitas vezes utilizamos o prazer para buscar a felicidade, pois chegamos a satisfação e com isso nos leva ao grau de felicidade.
[...] se há somente um bem final, este será o que estamos procurando, e se há mais de um, o mais final dos bens será o que estamos procurando. Chamamos aquilo que é mais digno de ser perseguido em si mais final que aquilo que é digno de ser perseguido por causa de outra coisa, e aquilo que nunca é desejável por causa de outra coisa chamamos de mais final que as coisas desejáveis tanto em si quanto por causa de outra coisa, e, portanto chamamos absolutamente final aquilo que é sempre desejável em si, e nunca por causa de algo mais [...]. (Aristóteles 1999, p. 23)
Todo estudo e busca de informações que Aristóteles faz é referente ao bem, é buscar o entendimento de todas as coisas para mostrar como o homem chega ao bem supremo, procura atingir aquilo que é melhor para o homem. Ao investigar sobre o bem, leva em consideração o humano, examina o bem a partir das pessoas e compreende que o bem supremo não está dissociado da questão da felicidade.

1.1 A felicidade segundo Freud
Para introduzir o tema da felicidade em O mal-estar na civilização, Freud  dedica um capítulo para tratar sobre a felicidade, toma como ponto de partida a investigação do propósito da vida com base no comportamento dos homens. Ele afirma que estes se esforçam para alcançar e preservar um estado feliz. Além do conceito de felicidade, Freud trata também do sentimento de culpa, da civilização, entre outros temas.

“Se a cultura impõe sacrifícios tão grandes, não somente à sexualidade, mas também à inclinação do homem à agressividade, nós compreendemos melhor que seja difícil ao homem se sentir feliz” (FREUD, op. Cit., p. 56.)

Para Freud a felicidade trata-se da realização do programa do princípio de prazer, ou seja, obter prazer e evitar desprazer. E sabemos que para não ter desprazer é necessário que não tenhamos nenhum tipo de sofrimento, pois isso nos leva a ter sentimentos ruins e leva ao desprazer que nos faz perder a felicidade.
[...] relacionamos prazer e desprazer com a quantidade de excitação presente na vida psíquica – quantidade que de alguma maneira não está presa [energia que flui livremente, que não está aprisionada a uma representação] – de modo que nessa relação o desprazer corresponderia a um aumento, e o prazer, a uma diminuição dessa quantidade. (FREUD, 2006,  p. 135-136.)

Freud diz em sua obra: “O que em sentido estrito se chama felicidade ‟corresponde à satisfação mais repentina de necessidades retidas com alto grau de êxtase e, por sua própria natureza, somente é possível como um fenômeno episódico”.
Para o homem ter a felicidade é preciso que passe pelo momento de satisfação, este período o leva ao nível extremo da felicidade, assim tudo em sua vida se torna momentos alegres e acaba contagiando os indivíduos com quem convive. O estado de felicidade é determinante na vida do homem, este estado mexe com todo o seu ser principalmente com o seu psíquico.

Conclusão

Para Aristóteles, a ética é que dá sentido a Felicidade, quanto mais ético e virtuoso o homem for, mais feliz se tornará, o filósofo deixa transparecer, na sua obra Ética a Nicômaco, que quanto mais distante da ética, tanto maior o grau de infelicidade.
Por tanto, para que possamos alcançar ao estado de felicidade é necessário desejarmos, a condição de ser feliz diz respeito ao homem e está restrito ao ser humano. Só existe felicidade onde existe a contemplação, senão existir contemplação não existirá homem feliz. Aristóteles define a felicidade como o Bem Supremo, um bem final, está ligado a excelência do bem fazer.
Freud nos ensina que para alcançarmos o estado de felicidade é necessário estarmos abertos a vivenciar momentos de prazer, assim é possível almejar os seus objetivos. Cada vez que passamos por momentos de prazer isso reflete em nosso psíquico, proporcionando uma alta estima e gerando um alto nível de felicidade. Ainda nos diz que jamais podemos passar por momentos de desprazer, pois isso gera a infelicidade.
Todos aqueles que sempre age pelo bem, alcançará a Felicidade, e para isso se faz necessário usar a razão para se alcançar. Todo tipo de ação humana e o seu fim particular a que ela corresponde sempre chegará a um fim último, o Bem Supremo. Embora tal fim seja particular, está endereçado e, ao mesmo tempo, conectado com um fim último que transcende o particular e se realiza como um bem maior desejado por todos. 

[1] Aluno do 1º semestre do curso de Filosofia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL) – Unidade Lorena. Este trabalho foi orientado pelo o Prof. Pe. Dilson Passos Júnior.

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