Felicidade em Kant


Genaro Augusto Brandão[1]

1. Felicidade em Kant
A felicidade é fundamentalmente empírica, ela irá depender dos desejos subjetivos determinados pelos sentimentos que sempre iremos sentir, como o de prazer ou a de dor. O desejo é sempre contingente, é determinada por objetos empíricos. É impossível universalizar os desejos e determinar, de forma que seja bem precisa a felicidade.
Embora a felicidade seja desejada por todos os homens ela não pode ser precisamente definida a partir dos dados empíricos. Já na Crítica da Razão Pura Kant define a felicidade como a: “[...] satisfação de todas as nossas inclinações (tanto extensive, quanto à sua multiplicidade, como intensive, quanto ao grau e também protensive, quanto à duração).“ (CRPr, 2003, p. 92).
E Kant vai colocar a ideia sobre a felicidade: “[...] para a idéia de felicidade é necessário um todo absoluto, um máximo de bem-estar, no meu estado presente e em todo o futuro.” (FMC, 2004, BA 31-32, p. 46).
A partir dessa concepção de felicidade, pode-se concluir que a ideia da felicidade é algo de impossível para qualquer ser racional finito, pois para tal “seria preciso à onisciência” (FMC, 2004, BA 31-32, p. 46). Mas, considerando que a felicidade é uma necessidade natural, todo ser humano tem a necessidade de ser feliz e muitas vezes quer transmitir esta felicidade, o imperativo afirmativo é a maneira de se prescrever os meios em que a felicidade, ou pelo menos, parte dela é realizada. O princípio da felicidade pode ser considerado uma regra prática generalizável, mas de modo algum universalizável.  

1.2 Felicidade em Aristóteles
Aristóteles define a Felicidade como um bem supremo, ele acredita que a felicidade é resultado e uso total das qualidades morais, não por ser necessária, e, sim, por constituir um bem em si mesmo. Esse bem supremo que o homem sempre busca é algo para satisfazer as suas necessidades em todos os âmbitos de sua vida.
 [...] O bem para o homem vem a ser o exercício ativo das faculdades da alma de conformidade com a excelência, e se há mais de uma excelência, de conformidade com a melhor e mais completa entre elas [...] (Aristóteles 1999, p. 24-25).
Quando a queremos algo de bom para a nossa vida sempre buscamos através do prazer, aquilo que preenche o vazio que sentimos dentro de nós. Alcançamos esse bem supremo final quando deixamos a nossa zona de conforto e seguimos adiante, procurando sempre não deixar o desprazer fazer parte de nós.
Segundo o Aristóteles, toda a ação do homem tende naturalmente a um fim, e esse fim pode ser à realização de um bem específico, e assim possivelmente chegar ao fim último que é a felicidade. Muitas vezes utilizamos o prazer para buscar a felicidade, pois chegamos a satisfação e com isso nos leva ao grau de felicidade.
[...] se há somente um bem final, este será o que estamos procurando, e se há mais de um, o mais final dos bens será o que estamos procurando. Chamamos aquilo que é mais digno de ser perseguido em si mais final que aquilo que é digno de ser perseguido por causa de outra coisa, e aquilo que nunca é desejável por causa de outra coisa chamamos de mais final que as coisas desejáveis tanto em si quanto por causa de outra coisa, e, portanto chamamos absolutamente final aquilo que é sempre desejável em si, e nunca por causa de algo mais [...]. (ARISTÓTELES, 1999, p. 23)
Todo estudo e busca de informações que Aristóteles faz é referente ao bem, é buscar o entendimento de todas as coisas para mostrar como o homem chega ao bem supremo, procura atingir aquilo que é melhor para o homem. Ao investigar sobre o bem, leva em consideração o humano, examina o bem a partir das pessoas e compreende que o bem supremo não está dissociado da questão da felicidade.

 1. 3 A felicidade segundo Freud
Para introduzir o tema da felicidade em O mal-estar na civilização, Freud dedica um capítulo para tratar sobre a felicidade, toma como ponto de partida a investigação do propósito da vida com base no comportamento dos homens. Ele afirma que estes se esforçam para alcançar e preservar um estado feliz. Além do conceito de felicidade, Freud trata também do sentimento de culpa, da civilização, entre outros temas, nestes termos: “Se a cultura impõe sacrifícios tão grandes, não somente à sexualidade, mas também à inclinação d o homem à agressividade, nós compreendemos melhor que seja difícil ao homem se sentir feliz.” (FREUD, 2010, p. 56.)
Para Freud a felicidade trata-se da realização do programa do princípio de prazer, ou seja, obter prazer e evitar desprazer. E sabemos que para não ter desprazer é necessário que não tenhamos nenhum tipo de sofrimento, pois isso nos leva a ter sentimentos ruins e leva ao desprazer que nos faz perder a felicidade.
[...] relacionamos prazer e desprazer com a quantidade de excitação presente na vida psíquica – quantidade que de alguma maneira não está presa [energia que flui livremente, que não está aprisionada a uma representação] – de modo que nessa relação o desprazer corresponderia a um aumento, e o prazer, a uma diminuição dessa quantidade. (FREUD, 2010, p. 135-136.).

Freud diz em sua obra: “O que em sentido estrito se chama felicidade ‟corresponde à satisfação mais repentina de necessidades retidas com alto grau de êxtase e, por sua própria natureza, somente é possível como um fenômeno episódico”. (Freud, 2010, p. 137).

Para o homem ter a felicidade é preciso que passe pelo momento de satisfação, este período o leva ao nível extremo da felicidade, assim tudo em sua vida se torna momentos alegres e acaba contagiando os indivíduos com quem convive. O estado de felicidade é determinante na vida do homem, este estado mexe com todo o seu ser principalmente com o seu psíquico.



[1] Aluno do 3º semestre do curso de Filosofia do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL) – Unidade Lorena. Este trabalho foi orientado pelo o Prof. Me.Pedro Donizeti  Morgado Júnior. 

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