Mitologia, Logos e Ethos na desmitificação em meio a várias linhas de pensamentos da pós-modernidade

Mitologia, Logos e Ethos na desmitificação em meio a várias linhas de pensamentos da pós-modernidade

Publicado por Felipe Olsen Fernandes 

Quero partir de um termo alemão “zeitgeist” com sua tradução (espírito da época, espírito do tempo ou sinais dos tempos), então trabalharemos a perspectiva do clima intelectual e cultural da modernidade diante de vários pensamentos na pós-modernidade.
A pós modernidade vem nos mostrar que o pensamento não está em um momento linear e sim com grandes variações, principalmente no que se diz para dar sentido à vida e à fala tirando a sua originalidade e complexidade. Por isso, a mitologia e suas derivações, pelo motivo de pensarmos muitas vezes que só existe a mitologia grega e esquecemos as outras, a mitologia nasce sempre em histórias populares ou religiosas e principalmente sobre os pontos de vista das pessoas de sua época, tendo o papel de narrar assuntos as vezes inexplicáveis. A narrativa se usufrui da linguagem e símbolos. Hoje o mito pode ser as lendas urbanas e suas variações.
Freud e Jung partem da questão da mitologia a partir do inconsciente, por exemplo: Quando surgem crises econômicas mundiais se tem no cinema ou seriados uma forte tendência de se ter Histórias de Heróis, para anemizar as pessoas e que elas possam acreditar em um mundo melhor (Homem de ferro, Homem Aranha, Mulher maravilha e seriados que interagem com a realidade vivida principalmente pelos jovens.
Somos criaturas que precisamos de sentidos para fazermos algo ou cairemos em um profundo desespero, pelo simples fato de sermos seres pensantes que passamos horas e horas a pensar sobre a nossa existência, quem eu sou? Porquê vivo? E o que acontece depois da morte? Uns dos motivos dos mitos nos ajudarem com a diversidades e com a sensação da existência.
Nessa busca de sentido e de repostas precisamos usar da nossa razão nossos logos e principalmente como administrar esses problemas. Que não são necessariamente só existenciais, mas também, econômicos, políticos e religiosos. Como conciliar o mito com o logos perante as adversidades da vida? No encontro com o logos (razão) podemos questionar as tragédias e nos paralisar diante do nada.
O Ethos que é a morada do ser será desenvolvido por meio da razão, por meio do técnico-científico e na reengenharia social. Será que nessa nova configuração do Ethos a ética não fica à mercê de uma classe dominante? Pois é essa classe que patrocina as pesquisas e eles não vão querer aquilo que dê lucro e somente sendo indiferente se é certo ou não? O que estamos fazendo com a nossa morada “casa”?
Esses conceitos são necessários para entendermos o movimento da pós-modernidade e começar a organizar alguns pensamentos. Não tirando a essência do homem, mas dando a totalidade do seu existir.
Para termos a noção da desmitificação quero chamar para nossa conversar o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, que no seu pensamento vem mostrar a necessidade da diversidade para se manter a raça humana. Ele estuda a questão do estruturalismo dentro da sociedade e das linhas de pensamentos.
Lévi-Strauss estudou a compreensão dos mitos pelas suas estruturas e elementos que o compõem e assim daria para entender a busca da relação dos indivíduos e a sociedade, portanto poderíamos desmistificar elementos presente na mitologia da modernidade, podendo linear a pensamento e darmos mais sentido a certos aspectos que hoje não são valorizados. Valorizando as palavras e seus significados mais profundos.
Os mitos foram e são importantes para entendemos certos posicionamentos da sociedade em determinados fatos e falas, mas precisamos entender que a desmitologização é uma etapa importante para que a ação seja mais livre, para não colocarmos certas coisas que decidimos como desculpas, por isso, usaremos o alemão Bultmann, para nos auxiliar nesse processo. “Em Bultmann o homem é concebido como o ser na decisão, a história como o âmbito do projetar-se na liberdade e a revelação como o evento do apelo à decisão”.
A decisão é algo inerente na vida do homem e com ela, ele toma o rumo da história e da continuidade do mundo. A linguagem é um meio onde o homem se faz presente e existente no mundo, sociedade e politicamente ativo. A desmitologização nos traz uma nova capacidade de entender o mundo e seu movimento (linguagem e intelecto), pois a mentalidade por exemplo dos primeiros cristãos, não podem ser a mesmo de hoje século XXI, contudo ainda e essência de ser cristão é a mesma, a busca de se configurar a Cristo no seu seguimento, mas linguagem sofreu mudanças no decorrer da história.
O homem é o grande transformador e para que isso aconteça, ele se utiliza da linguagem e quando tem a transformação da linguagem o homem se modifica simultaneamente, para se adequar as novas necessidades que foi empregada nessa reviravolta linguística.
Por isso, nesse processo que construímos temos a necessidade de voltar ao logos, local que temos o exercício da razão em conformidade com a linguagem, vivemos uma época que temos acessos muitos rápidos a informações e isso é bom e perigoso ao mesmo tempo, pois podemos ser enganados com jogos de linguagem.
Esses jogos de linguagem podem ser usados para manipulação ou mesmo para se manter ou retirar o poder de alguma instituição ou pessoa. Como situamos a cima a situação da cultura, ela também vai ser importante nesse diálogo com o logos na linguagem, pelo motivo da arbitrariedade, onde os signos são colocados ou sinais linguísticos são colocados através de algum capricho de alguém e pode acarretar alguns danos ou mesmo histeria na sociedade, deixando-a doente e sem controle.
Procuramos por uma língua universal para que possamos ter um contato cada vez maior com o outro, mas o grande perigo dessa língua universal, como podemos transmitir uma cultura ou melhor um sentimento na palavra, na linguagem, como por exemplo o sentimento de saudades usado no português. Isso é muito próprio da língua ou em busco de ser antenados deixamos nossa cultura, nosso jeito, para assumir outro sem viver naquele contexto. Caso da americalização da língua e das culturas em busca de um poder econômico maior.
No logos que nos traz a substância do mundo, mesmo que busquemos a ligação do uno ao múltiplo diante da diversidade, temos as fragmentações do conjunto. Diante de certas circunstâncias que nos é pedido que tenhamos um olhar mais amplo, só enxergamos a situação em si e o resto não é visualizado, é uma falta preocupante, a fragmentação nos ajuda a entender melhor as coisas, mas não podemos tomar nenhuma decisão ou falar algo se ter um conjunto inteiro a nossa frente, onde tivemos a certeza de ter estudado dos os possíveis casos e fazer um discurso analítico da tomada de decisão.
Com tanta confusão que a língua pode nos trazer e principalmente sentir, é preocupante a transformação mecânica ou tecnicista da língua. A língua deve ser sentida e principalmente levar o homem a transcender com as falas e signos. Hoje perdemos a capacidade de deixar a língua mais espiritual. Falamos palavras aos ventos ou todos falam o que quer e cada dia mais, o nosso meio de comunicação que é a língua vai se deixando ficar vazio, sem sentido, sem vida, sem cor, sem graça e consequentemente não percebemos a nossa existência racional no mundo.
Hoje a língua é superficial, pelo motivo de tocar só a superficialidade humana e podemos perceber isso na relação dos discursos, pois ele é proferido por um indivíduo, mas que mexe com um coletivo plural, mesmo a linguagem sendo mecânica e não tocando o espiritual do homem, ela causa danos noviços nocivos à sociedade. Vemos muitas pessoas saindo nas ruas ou fazendo uso de meios de comunicações (redes sociais) para questionar e desmoralizar um ao outro, contudo os discursos feitos no plural, ainda são subjetivos e não leva para um diálogo fecundo de entendermos das partes e sim uma briga constante.
Toda fala tem uma intenção, nenhuma pessoa fala e faz alguma coisa sem uma intenção especifica, porém temos aqueles que não tem consciência do estão fazendo e denominamos de deficiente mental ou alienado. Qual é a intencionalidade das nossas ações em meio ao caos da linguagem?

Portanto, acredito que devemos dar mais sentido a nossa fala, se percebemos que em meio a esse caos a nossa linguagem (fala) não vai resolver nada e nem mesmo direcionar a um diálogo devemos nos silenciar. A nossa existência tem que ser sentida por sermos capazes de propulsionar vida e a linguagem é um caminho, mas precisamos também viver o que falamos e silenciar quando precisar, pois, a fala vinda do interior do nosso hálito é geradora de paz, amor, justiça e salvação.

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