Boa vontade e dever em Kant
Felipe Olsen
Fernandes
Resumo: Nesse presente
artigo pretendo explanar os conceitos de boa vontade e dever no agir moral do
ser humano, segundo as concepções desenvolvidas pelo filosofo Immanuel Kant, na
obra Fundamentação da Metafísica dos
Costumes. Iremos partir da questão da boa vontade, que para o pensador, é
algo que nem neste mundo ou fora dele existe de tão boa. A boa vontade pode ser
praticada com algumas inclinações e tornará o que é bom, em algo que seja má. Por
isso, Kant trata de com o dever no agir moralmente do ser humano e faz a
distinção entre o agir de acordo com o dever ou pelo dever. Com esses conceitos
entramos na questão da moralidade. Temos, pois, duas formas de agir que são
chamadas, por ele, de imperativos. Estes podem ser hipotéticos ou categóricos.
O primeiro é o agir de acordo com o dever, já o segundo é o agir pelo dever.
Neste conjunto é que se dá a moralidade, que é a sistematização da filosofia
moral de Kant, ou seja, de como os seres finitos devem agir diante de suas
experiências, sendo o mais racional possível, no que consiste ao respeito às
leis, para que sua máxima se torne uma máxima universal.
Palavras-chave: Kant, Boa vontade, Dever,
Imperativo, Moralidade
1. INTRODUÇÃO
Kant desenvolve sua
filosofia com a sua obra intitulada Fundamentação
da metafísica dos Costumes (FMC)
ao colocar um método na sua estrutura, este designado por filosofia moral.
Incluindo, pois, o senso comum do ser humano nas primeiras partes, ele tenta
fundamentar os princípios práticos - ações humanas - que o ser humano possui na
sua moralidade, ou seja, no conjunto do seu agir moral.
Nesta primeira parte da FMC, Kant percebe o intercâmbio do senso
comum, para um conhecimento filosófico, que são os elementos dos conceitos de
boa vontade e dever. Chegará, assim, os imperativos, de modo que sua máxima
poderá se tornar uma máxima universalizada. Na segunda parte da FMC, teremos um maior aprofundamento da
moralidade do homem, que Kant dispõe como imperativos que são os hipotéticos e
categóricos. Estes irão direcionar como o homem vai ser comportar no seu modo
de ser.
Com esse conjunto de
premissas iremos definir o que seriam os conceitos de boa vontade e dever para
o filosofo alemão Kant e como esses dois aspectos de sua filosofia são de
extrema importância para começar a compreender sua construção lógica da
moralidade do ser humano no seu pensamento e suas definições de comportamento
na sociedade que será fortemente racional sem nenhuma inclinação.
2. BIOGRAFIA
Kant nasceu na cidade de
Königsberg, na Prússia, em 1724, e morreu em 1804 na mesma cidade. Sua família
era de dez irmãos, de classe social pobre, contudo muito religiosa. Nesta época
,ele teve uma sólida educação moral e religiosa, pois sua mãe era pietista
(movimento dentro da Igreja Luterana).
Seus estudos foram feitos
na escola de Fridericianum, uma escola fortemente enraizada com o movimento pietista
e a partir de 1740, cursou graduação na Universidade de Königster e publicou
seu primeiro estudo em 1747. Após a morte do pai teve que prover o seu sustento
como professor das famílias nobres até 1755. Durante esse período realiza
alguns estudos e escreve algumas obras e consequentemente a conclusão do curso
de Filosofia e direito, que permitiu exercer a docência. Em 1770 sua situação
financeira foi estabilizada, consequentemente Kant começará refutar os seus próprios
estudos, dando origem às suas principais obras como: Crítica da razão pura (1781), Prolegômenos
a toda metafísica futura que possa apresentar-se como ciência (1783), Crítica da razão prática (1788) e Crítica do juízo (1790), que faz surgir
suas obras de moral.
Kant é profundamente metódico,
tanto na sua vida particular como nos estudos e é apontado por vários
estudiosos e também filósofos como um dos mais rigorosos e íntegros da
filosofia moderna. Ele viveu numa época em que os pensadores estavam em
constante busca do conhecimento da verdade, e com construções e elaborações filosóficas
marcadas por elementos importantes e centrais como homem, liberdade,
individualismo e a visão de mundo fundado na burguesia. Por isso, seu
pensamento é representativo com a burguesia alemã que debruçava-se no
individualismo e liberdade. No pensamento dos burgos estavam o racionalismo
dogmático e empirista. Ele tenta construir um pensamento que relacionava os
elementos do universo.
Kant inicialmente comunga
com as ideias do chamado iluminismo alemão ou dos racionalistas alemães, que
tinha uma forte influência de David Hume (1771-1776) e combatia os
racionalistas dogmáticos e conforme essa postura afirma que todo conhecimento
que parte do sensível é confuso e também afirma que todo conhecimento que só
parte do que é puro (razão) que pode vir a ser um dogmatismo é ruim também,
pois não nos indagamos o motivo pelo qual chegamos a tal conclusão. Sem esse
questionamento o ser humano agiria como que preso, sem autonomia no seu pensar
e agir.
A filosofia que era forte
nessa época nas universidades alemãs é a do pensamento de Leibniz (o melhor dos
mundos possíveis) sistematizado por Wolff (iluminismo alemão) - que é levar a
perfeição o povo alemão - inicialmente Kant é crítico de Leibniz.
Uma grande marca da sua
filosofia é a proposta de integrar as diferentes capacidades das faculdades
humanas, que são a moral, cientifica e estética. Esse esforço é algo marcante
na construção do seu pensamento e consequentemente é fundamental que se busque o
limite da ação humana, que está na busca constante de tentar ser livre
(autonomia), pois ele acreditava que as ações humanas eram heterônimas e essa
liberdade iria ser conquistada pelo ser humano com o uso da razão dentro do
esgotamento dos seus limites.
Outros pensadores que dão
uma bagagem ao pensamento da época e também ao pensamento de Kant são: Hobbes
(1588 – 1679), Locke (1632 – 1704), Newton (1643 – 1727), Berkeley (1685 –
1753), Bacon (1561 – 1626) dentre outros. Temos, também nesse cenário a, Revolução
Industrial na Inglaterra e, por consequência, uma modernização na cultura e no
pensamento do ser humano.
3.
SOBRE A QUESTÃO DA BOA VONTADE EM
KANT
A Fundamentação da Metafísica dos Costumes, já é, portanto,
introduzida com uma frase que ao logo dos escritos, adquire maiores proporções
“Neste mundo, e até fora dele, nada é possível pensar que possa ser considerado
como bom sem limitação a não ser uma coisa: uma boa vontade.” (KANT, 1980 p.21). Com esta afirmação, já é possível
pensar que a boa vontade é boa por si só e sem limite, que nela não está
restrita nenhuma condição e, principalmente, nenhuma inclinação. De fato, ela é
boa por si só e não pelo que ela realiza. Isso podemos verificar nas seguintes
afirmações de Kant.
“A boa
vontade não é boa por aquilo que promove ou realiza, pela aptidão para alcançar
qualquer finalidade proposta, mas tão-somente pelo querer, isto é, em si mesma,
e considerada em si mesma, deve ser avaliada em grau muito mais alto do que
tudo o que por seu intermédio possa ser alcançado em proveito de qualquer
inclinação, ou mesmo, se se quiser, da soma de todas as inclinações” (p. 23,
FMC)
Assim, embora Kant possa
ter essa percepção da boa vontade, ele não descarta outras coisas que são boas
como, por exemplo: os dons de fortuna, de felicidade e, de discernimentos. Tudo
isso são coisas boas, mas o seu uso poderá causar coisas más e prejudiciais, se
tal vontade não for executada com caráter. Por isso, ela está separada, pois
com a boa vontade impregnada no nosso agir, ela pode facilitar a moralidade, a
saber.
“Se não
existir também a boa vontade que corrija a sua influência sobre a alma e
juntamente todo o princípio de agir e lhe dê utilidade geral; isto sem mencionar
o fato de que um espectador razoável e imparcial em face da prosperidade
ininterrupta duma pessoa a quem não adorna nenhum traço duma pura e boa
vontade, nunca poderá sentir satisfação, e assim boa vontade parece constituir
a condição indispensável do próprio fato de sermos dignos da felicidade” (p.22
FMC).
Nessas condições, a boa
vontade é conhecida como um bem supremo e é a condição de agir, mesmo que seja
na busca da felicidade. A felicidade, para o filósofo, é uma busca constante do
homem e é uma aspiração que todos procuram, pois a felicidade é uma busca congênita
da pessoa humana. Contudo a noção de boa vontade está ligada à razão, e
caracteriza-se como uma pura vontade convertendo-se aos princípios da razão
prática.
Contudo, pode-se
questionar: como a razão vai limitar a vontade? Kant, para responder a este
questionamento desenvolve o conceito do “dever” para se chegar a sua máxima da
razão e se acende uma luz mais clara no nosso agir.
4.
A QUESTÃO DE DEVER, SEGUNDO KANT
Kant procura organizar
sua forma de sistematizar o dever com ações; contrárias ao dever, de acordo com
o dever e por dever. Podemos ler na FMC
que a pessoa poderá agir e realizar um ato moralmente, segundo o que julgar ser
seu dever, mas sem ferir a ninguém. Por outro lado, teremos a sua máxima que é
agir por dever, sendo uma concepção exata do que é permissível de acordo com as
leis criadas e naturais.
Primeiramente, Kant lida
com uma noção prática da ação moral a ser feita de acordo com o dever. Embora
essa primeira não seja uma totalidade, pois a moralidade é uma ação sem
inclinações, sendo somente pelo dever, conforme Kant verifica que não é
possível ter uma boa vontade nessas condições.
No segundo momento, o
filosofo alemão analisa a ação praticada por dever, se tem ou não tem o seu
valor moral, pois não é o propósito que se pode atingir, mas na máxima que a
determina. Nisso, ele tem o princípio do querer, que é a totalidade da ação
desejada que foi praticada. Com esse esgotamento, percebemos o princípio da
vontade que é algo realizado por uma ação, e a vontade é colocada como
princípio a priori (formal) e móbil, a posteriori (material). Da ação por dever que é livre de toda
inclinação e desejo é extraído seu princípio material (experiência). Contudo,
ela precisa ser determinada por algo que é princípio formal que é o valor moral
da ação (razão). Então, o princípio do querer é o fato determinante para a ação
ser dada como moralidade, como vemos nesta passagem:
“Ora, se
uma ação realizada por dever deve eliminar totalmente a influência da
inclinação e com ela todo o objeto da vontade, nada mais resta à vontade que a
possa determinar do que a lei objetivamente e subjetivamente, o puro respeito
por esta lei prática, e por conseguinte a máxima que manda obedecer a essa lei
mesmo com prejuízo de todas as minhas inclinações.” (p.32 FMC)
O respeito pelas leis é o
único sentimento que Kant aceita na sua filosofia. A esse respeito, nossas
inclinações seriam anuladas logo que se abrisse a oportunidade da vontade ser
determinada (objetiva e subjetivamente) conforme uma lei prática (princípios
objetivos) e, por conseguinte, por uma máxima (princípios subjetivos) que manda
obedecer a essa lei. O respeito, portanto, não irá receber nenhuma influência,
mesmo que isto cause danos – dor ou sacrifício - ao seu amor-próprio, a saber:
“O valor
moral da ação não reside, portanto, no efeito que dela se espera; também não
reside em qualquer princípio da ação que precise de pedir o seu móbil a este efeito
esperado. Pois todos os efeitos podiam também ser alcançados por outras causas,
e não se precisava portanto para tal da vontade de um ser racional, na qual
vontade – e só nela – se pode encontrar o bem supremo e incondicionado. Por
conseguinte, nada senão a representação da lei em si mesma, que em verdade só
no ser racional se realiza, enquanto é ela, e não o esperado efeito, que
determina a vontade, pode constituir o bem excelente a que chamamos moral, o
qual se encontra já presente na própria pessoa que age segundo esta lei, mas se
não deve esperar somente do efeito da ação.” (p.32-32 FMC)
Para entender a ação
moral do homem é de suma importância compreender, portanto, a boa vontade e o
dever em Kant, segundo afirma Waldir Guimarães:
“Uma ação
é feita meramente por inclinação, mesmo que seja por um desejo racional de
felicidade, não tem qualquer valor moral. Uma ação só é boa na medida em que
está associada à vontade de cumprir o próprio dever. Ela pode partir da
inclinação, mas deve ter como fator determinante da sua realização o motivo do
dever.’’ (GUIMARÃES, 2002, p.133)
Tanto as inclinações
quanto a felicidade são levadas em conta por Kant, pois se isso não for feito
com respeito às leis, não tem validade. Para Kant, algo que é bom em si mesmo,
mas dependendo da forma que for praticada, poderá se tornar uma coisa não tão
boa. Por isso, a felicidade própria não pode ser objeto do nosso agir. Nisso
temos o dever que pode significar o próprio sacrifício dos nossos desejos, da
nossa vontade e felicidade, mas podemos seguir nossa felicidade desde que não
fira a lei moral. A felicidade, segundo Kant, portanto, é poder agir por dever
e ter a certeza que estamos cumprindo com a nossa razão e não estamos ferindo a
numa pessoa, nossa ação pode até chegar a ser uma ação universal racional.
5.
O PROBLEMA DA AÇÃO MORAL EM KANT
Para
Kant, a “filosofia moral” deve ser estruturada, ou seja, sistematizada. Com a
pretensão de legitimar como uma lei universal. Segundo Patric da Silva
Warderley, da Universidade Católica Salesiana do Espírito Santo:
“A ética
ou, como diria o próprio Kant, a “filosofia moral” deve erguer-se na pretensão
de legitimidade da lei universal. Para Kant, a estrutura cognoscente do sujeito
permite-lhe fazer escolhas desatreladas dos sentimentos. A avaliação da ação
moral se dá na observância da reta intenção, da “boa vontade”. A boa vontade na
ética não faz a ação ser boa por aquilo que promove, e sim pela intenção do
sujeito da ação. O sujeito deve agir não conforme o dever, influenciado pelas
circunstâncias. O sujeito deve agir por dever, obedecendo ao mandamento
racional da lei moral.” (WARDERLEY, 2012, p.137)
Nesta
condição, que é a busca da liberdade que é a autonomia da vontade. Desse modo,
não quer dizer o porquê dos homens serem livres, independentes ou que tenham a
autonomia para que possam fazer o que bem entendem, pois para Kant a liberdade
é desatrelada dos desejos e impulsos e não é guiada por nada a não ser pela sua
própria razão, a saber:
“Autonomia
da vontade é aquela sua propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei
(independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia
é portanto: não escolher senão de modo a que a máximas da escolha estejam
incluídas simultaneamente, no querer mesmo como lei universal.” (WANDERLEY,
2012, p.141)
Nessa
perspectiva da autonomia, o ser humano sabe muito bem o que deve ser feito para
ser moralmente bom. O ser humano tem a sua vontade e essa deve ser conforme um
norte, sempre voltada para as boas ações “dever” para distinguir o que é bom do
que é mal. Por isso, a boa vontade deve ser iluminada pelo dever que logo será
um agir pelo dever, consequentemente uma vida moral, onde sua máxima poderá ser
universalizada. Contudo a filosofia kantiana trata do agir por respeito à lei e
digamos que esse movimento nos revela o princípio da moralidade para Kant.
Na
FMC Kant destaca que tudo é regido
pelas leis (natureza) lei da gravidade, lei da inércia e entre outras leis, mas
essas são leis que a própria natureza nos oferece e que nos ajuda a entender
certos fenômenos, porém para Kant o ser humano é dotado de inteligência para
criar suas leis de conduta e de organização da sociedade e, por isso, o
respeito à lei é uma boa vontade, pelo motivo que agiria conforme a lei guiada
pela sua razão. Todavia, o ser humano é infinito podendo ser regido às vezes
pelos seus sentimentos e inclinações. Para Kant, portanto:
Há, não obstante, um fim que se
pode pressupor como efetivamente real em todos os seres racionais (na medida em
que a eles convêm imperativos, a saber, enquanto seres dependentes), logo uma
intenção que eles não somente podem ter, mas da qual se pode pressupor com
segurança que todos têm segundo uma necessidade natural, e tal é a intenção da
felicidade. O imperativo hipotético que representa a necessidade prática da
ação como meio para a promoção da felicidade é assertórico. (KANT
Apud ROSSI p. 200)
Kant,
então, no seu pensamento nos oferece os imperativos que irão delimitar as ações
do ser humano e explicar como funciona cada ação. Os imperativos estão dividido
em dois: Imperativo hipotético e imperativo categórico. O imperativo hipotético
coloca objetivos que estão além da ação. A ação, portanto, não é boa em si
mesma, ao contrário do imperativo categórico. O imperativo hipotético é aquele que realiza
para se alcançar tão objetivo, como por exemplo, um atleta profissional, ele
vai treinar todos os dias e se dedicar ao máximo, com o objetivo que é ganhar,
medalhas, troféus, e reconhecimento do seu esforço cotidiano. Já o imperativo
categórico é aquele que como a boa vontade é bom em si mesmo, pois ele age por
dever e não é regido por nada, a não ser pela razão humana. Esses imperativos
são as leis criadas pelo ser humano (leis práticas). Ele não parte por nenhuma
experiência, pois é pautada pela razão, sem inclinações e é importante para a
moralidade kantiana:
O que só é possível pelas forças de
um ser racional qualquer também pode ser pensado como uma intenção possível
para uma vontade qualquer, e por isso são de fato infinitamente muitos os
princípios da ação, na medida em que esta é representada como necessária para
se realizar uma intenção possível qualquer a ser efetuada por meio dela. [...]
A questão aqui não é de modo algum se o fim é racional e bom, mas apenas o que
se tem de fazer para atingi-lo. (KANT Apud ROSSI p. 199)
Esse
imperativo resume a preocupação de Kant: “O imperativo categórico é portanto só
um único, que é este: Age apenas segundo
uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ele se torne lei universal.”
(FMC, p.62). E mais:
Finalmente, há um imperativo que,
sem tomar por fundamento como condição qualquer outra intenção a se alcançar
por um certo comportamento, comanda imediatamente esse comportamento. Esse
imperativo é categórico. Ele não concerne à matéria da ação e ao que deve
resultar dela, mas à forma e o princípio do qual ela própria se segue, e o que
há de essencialmente bom na mesma consiste na atitude, o resultado podendo ser
o que quiser. A este imperativo pode se chamar de imperativo da moralidade. (ROSSI,
2014, p. 201)
Kant,
de fato, com a sua busca incansável para sistematizar a ação moral do ser
humano (moralidade) parte do subjetivo que é aquela máxima de ser boa e pode
tornar uma máxima universal. Portanto todos tenham prazer em segui-la mesmo
podendo acarretar alguma dor, contudo o princípio objetivo é o respeito pela
lei que se torna determinante no agir de qualquer indivíduo racional.
Pela Fundamentação
da metafísica dos costumes, essa é a análise realizada por Kant no agir
moral, que passa pelo conhecimento comum dos seres humanos até ao uso racional
da sua razão que é a moralidade.
6.
CONCLUSÃO
Portanto,
percebe-se na filosofia de Kant a sua preocupação com o comportamento do ser
humano na sociedade e suas influências. Pois ele desenvolve como é o agir do
ser humano e como deveria ser corretamente o agir.
A
importância dos estudos kantianos é a conquista da racionalidade do ser humano
com a sua liberdade intelectual, pelo motivo que não podemos ser condicionado a
nenhum seguimento a não ser da nossa própria razão, mas com respeito e
dignidade com os outros.
Para
a realização da filosofia de Kant, a pessoa não pode ter uma condição
heteronômica (que é algo que vem de fora). Não era admissível que agíssemos de
acordo com um manual de boa conduta, no sentido de não podermos questionar o
porquê de tal lei ou manual, por isso ele trabalha a questão do respeito às
leis, pois quando temos respeito e não medo, conseguimos avaliar racional o
valor de tal lei e sua veracidade no conjunto da ação.
A
ação moral deverá ser autônoma (autonomia do ser humano), pois quando somos
livres para discernir o que é bom ou que se deve fazer, não sofreremos pressões
externas e seremos livres para agir. Contudo não quer dizer que mesmo sem essas
pressões externas, nós seremos livres de inclinações.
O
ser humano para agir moralmente conforme o pensamento de Kant, também deverá
ser livre dos seus sentimentos (amor, ódio, raiva, felicidade, tristeza e entre
outros) e sendo admissível só um sentimento que é o respeito pelas leis, quando
nós conseguimos conciliar a nossa autonomia no pensar, livre de qualquer
sentimento que nós enganara, assim estaremos agindo conforme a filosofia
kantiana que é agir por dever.
A
moralidade de dá nesse conjunto que é um processo fortemente racional e essa
racionalidade poderá ser tornar universal, por exemplo: Se somos caridosos pelo
dever e realmente cumpramos com a nossa obrigação, pois sabemos a dignidade que
cada ser humano tem, essa ação racionalmente livre pode vir a ser
universalizada.
Portanto,
o nosso agir deve ser totalmente livre e sem nenhum interesse. Devemos ter a
nossa máxima como algo bom em si mesmo e saberemos como agir sem ferir a
liberdade do outro.
KANT,
Immanuel. Fundamentação da metafísica
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_______.
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(Mestrado) - Curso de Filosofia, Filosofia, Universidade Federal de São Carlos,
São Carlos, 2014. Disponível em:
<http://www.sociedadekant.org/wp-content/uploads/2012/10/STUDIA-KANTIANA8.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2016.
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